O Festival da Lampreia de Penacova, que o município promove com apoio de outras entidades, tem contribuído para afirmar o território e a gastronomia local, disse hoje o presidente da Câmara, Álvaro Coimbra
Alvaro Coimbra adiantou que os 11 restaurantes envolvidos na iniciativa, nos dias 25 e 26 de fevereiro, “entenderam que continua a ser fundamental” realizar o festival, “apesar do preço muito alto” da lampreia, devido à sua escassez no rio Mondego.
O autarca falava aos jornalistas, na sessão de apresentação do Festival da Lampreia, um programa a que se associa também a Confraria da Lampreia de Penacova, liderada por Fábio Nogueira, e cujo XVIII Capítulo vai decorrer no dia 1 de abril, com a entronização de novos confrades.
“A época da lampreia prolonga-se até abril”, disse Álvaro Coimbra, destacando ainda a organização de eventos desportivos e culturais que “complementam o programa”.
Com diversos incentivos aos comensais da parte do município, o objetivo é o de que a época da lampreia leve ao aumento das visitas das pessoas que apreciam o arroz de lampreia e, em geral, a gastronomia e a doçaria tradicional, a paisagem das zonas montanhosas e a proximidade do rio Mondego, além da arquitetura popular, designadamente os moinhos de vento de Penacova.
Na conferência de imprensa, o reduzido número de lampreias que atualmente sobem o Mondego e afluentes, a partir do oceano, na Figueira da Foz, foi associado à pesca excessiva, às alterações climáticas e eventuais mudanças no ciclo de vida do ciclóstomo, que há milhões de anos sobreviveu à extinção em massa dos dinossauros.
“As pessoas vão pagar pelos seus erros”, afirmou o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, Emílio Torrão.
Em 2022, as lampreias “começaram a entrar no rio no início de março”, o que permitiu baixar o preço da iguaria nos restaurantes de Montemor-o-Velho, município ribeirinho a jusante de Penacova, ao qual preside Emílio Torrão.
“Temos de nos adaptar à realidade”, acentuou, para sugerir que os concelhos junto ao Mondego diversifiquem os programas ligados à lampreia, incluindo com a introdução nas ementas do chamado “peixe do rio” (barbos, bogas e outras espécies fluviais fritas), por exemplo, uma ideia que foi bem acolhida por Álvaro Coimbra.
O presidente da Câmara de Penacova testemunhou que, há poucos dias, o preço de uma lampreia inteira, com arroz, ascendia a 140 euros numa casa especializada do concelho.
Álvaro Coimbra admitiu que os programas gastronómicos locais, “a manter-se o atual cenário” de falta de lampreias, venham a ser ajustados no futuro, como defendeu Emílio Torrão.