O Município de Penacova divulgou as riquezas do seu património histórico na província espanhola de Zamora, tendo dinamizado esta ação o presidente da Câmara, Humberto Oliveira, e a vereadora da Cultura, Fernanda Veiga. A presença de ambos os autarcas não é alheia à importância dada pelo Município de Penacova ao estabelecimento de laços de colaboração institucional e cooperação entre autarquias como uma parte importante da diplomacia, já que sem esta premissa não seria igualmente possível a cooperação cultural entre arquivos e bibliotecas, bem como entre Espanha e Portugal, bem patentes no Registo da Memória do Mundo da UNESCO dos Comentários sobre o Apocalipse (Beatus) na tradição ibérica.
“Los Beatos Medievales, una herencia compartida” e a Comemoração do 150º aniversário do Archivo Histórico Nacional, deram o mote para a realização no Ayuntamiento de Tábara (Zamora) desta jornada comemorativa da inscrição dos códices medievais mais significativos do Apocalipse de São João preservados nos principais arquivos e bibliotecas de Espanha e Portugal no Registo da Memória do Mundo da UNESCO.
Na abertura do colóquio, Humberto Oliveira não deixou de referir "a importância para o Concelho de Penacova e, nomeadamente, para a divulgação do seu património histórico, cujo expoente maior é o Mosteiro de Lorvão, o facto de em outubro de 2015, a UNESCO ter registado o “Apocalipse de Lorvão”, cópia do texto do Beato de Liébana, atribuída ao monge Egas, ilustrado com 66 iluminuras e vários comentários pessoais, como Memória do Mundo".
Como referiu também a vereadora da Cultura da autarquia, Fernanda Veiga, "este é um dos mais belos documentos da civilização medieval ocidental e aquele momento que vivemos em 2015 orgulhou-nos a todos já que tornou púbico e mostrou ao mundo a importância histórica do Mosteiro de Lorvão, não apenas no seu espaço físico, mas também pelas magníficas produções do seu scriptorium".
As jornadas de Tábara “Los Beatos medievales: una herencia compartida”, contaram com a presença de cerca de uma centena de especialistas em códices medievais, destacando-se a presença portuguesa de Silvestre Lacerda, Diretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas; Inês Correia, Conservadora-Restauradora do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, responsável pela candidatura do “Apocalipse de Lorvão” ao Registo de Memória do Mundo da UNESCO; e do Prof. Doutor Aires de Nascimento, autor da obra “Os Antigos Códices de Lorvão balanço de pesquisa e recuperação de tradições”, editada pelo Município de Penacova.
À semelhança do ocorrido por ocasião do Colóquio “Lorvão e Alcobaça no Registo da Memória do Mundo da UNESCO”, que teve lugar em outubro de 2016 em Alcobaça e Lorvão (Penacova), também em Tábara, Humberto Oliveira, reconheceu a importância da partilha de experiências entre investigadores e políticos, destacando o valor do património documental de importância mundial que temos em comum, das suas singularidades e da sua importância como gérmen da nossa cultura.