POR QUE HÁ MENOS LAMPREIAS NOS NOSSOS RIOS?

A lampreia-marinha está em claro declínio no território português, e caso não se tomem medidas concretas com vista à sua proteção, poderemos estar perante um cenário difícil de reverter para esta espécie com elevada importância socioeconómica no nosso país.

Perante esta situação, o município de Penacova e a Confraria da Lampreia de Penacova, em colaboração com o MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, da Universidade de Évora organizam no próximo dia 24 de fevereiro, pelas 10.30 horas, no auditório municipal de Penacova, um colóquio que pretende chamar a atenção para esta problemática e avançar com propostas de salvaguarda desta espécie.

Em Portugal têm vindo a ser aplicadas medidas inovadoras de gestão da pesca e de restauro de habitat com vista à recuperação da população de lampreia-marinha, no entanto, considerando a gravidade da situação atual, poderão ser necessárias medidas mais robustas para permitir a recuperação do efetivo populacional de lampreia-marinha em Portugal.

“Chegou o momento de ouvir a voz da comunidade científica e pedir às autoridades medidas que protejam a espécie. A lampreia teve, ao longo de décadas, um peso socioeconómico relevante em Penacova. Não podemos continuar a assistir passivamente ao seu declínio”, afirma o presidente da câmara de Penacova, Álvaro Coimbra, justificando a realização deste colóquio.

Para o diretor do MARE, Pedro Raposo, que nos últimos anos tem estudado os habitats nos rios portugueses, “é necessário investir na investigação, sobretudo na fase do ciclo de vida que é ainda bastante desconhecida, a fase oceânica, e que certamente encerra algumas das ameaças que têm contribuído para o declínio desta espécie. Com esse intuito, a Universidade de Évora e o MARE estão a coordenar um projeto Europeu INTERREG Espaço Atlântico, o projeto DiadSea, que irá cartografar a distribuição das lampreias-marinhas no mar e identificar áreas importantes para esta espécie.”

Para este professor catedrático, só através da gestão transnacional das populações de uma espécie, como a lampreia-marinha, que partilha um conjunto de rios europeus para se reproduzir, será possível criar condições para recuperar o seu efetivo populacional e, dessa forma, manter a exploração comercial de uma espécie tão apreciada à mesa portuguesa.