A futura Casa das Artes de Penacova, onde será exposta uma importante parte do espólio artístico do pintor João Martins da Costa (1921-2005), que o Município de Penacova irá dinamizar no edifício do antigo tribunal, junto à Câmara Municipal, ganhou agora um novo fôlego, através do prémio de ouro no concurso internacional Muse Creative Awards 2017 - EUA, na categoria "Book", alcançado com o livro lançado recentemente apresentado em Penacova “Martins da Costa – Contos Vividos”, composto por textos escritos pelo pintor nas décadas de oitenta e noventa, parte do espólio fotográfico e reproduções de alguns dos seus quadros.
De acordo com Humberto Oliveira, presidente do Município de Penacova, "esta distinção nos Estados Unidos vem apoiar a notoriedade e a divulgação do valor cultural e artístico de Martins da Costa, vulto da pintura do século passado, que viveu parte da sua vida em Penacova e a retratou de forma ímpar". também Fernanda Veiga, vereadora da Cultura deste município, realça que "a candidatura ao prémio, que foi desencadeada pela OM Design, mais particularmente pelo seu diretor e neto do pintor Martins da Costa, Diogo Gama Rocha, enche-nos de orgulho e revela que o Município estava certo quando apostou no livro e abriu espaço na Casa de Artes, que está a ser projetada, para expor a vida e obra do artista. A responsabilidade, a partir desta distinção, é ainda maior e devemos servir-nos do seu exemplo inspirador para fomentar a democratização do acesso à cultura e o incentivo a que outros cidadãos se interessem cada vez mais pelas artes".
Numa missiva dirigida ao Município de Penacova, a família do pintor agradeceu pelo empenho do Executivo, tendo expressado o voto de "parabéns e muito obrigado pelo vosso apoio incondicional em perpetuar e dignificar com qualidade e dignidade, a vida e obra de Martins da Costa".
Biografia Pintor João Martins da Costa:
Nasceu em Coimbra em 1921. Frequentou o curso superior de Pintura da Escola de Belas Artes do Porto, onde foi discípulo de Dordio Gomes e de Joaquim Lopes. Premiado diversas vezes na escola, concluiu o curso em 1947 com a classificação de 18 valores. Ao longo do seu percurso artístico, pautado por viagens de estudo e inúmeras exposições individuais e colectivas, foram-lhe atribuídos vários prémios. Em 1946 ganhou a 2a medalha e a bolsa de viagem José Malhoa no Salão da Primavera da Sociedade Nacional de Belas Artes. Esta bolsa proporciona-lhe nesse mesmo ano uma viagem de estudo a Espanha, durante a qual executou trabalhos que expôs quando regressou ao Porto. Em 1947, com uma bolsa concedida pelo Centro de Estudos da Guiné, viajou por essa colónia. Pintou temas locais que expôs em Bissau, no Porto e em Lisboa. Realizou em 1950 uma viagem de estudo a Paris. Frequentou entre 1952 e 1953, como bolseiro do Governo Italiano e do Instituto de Alta Cultura, as escolas de Belas Artes de Roma, Florença e Ravena. Aí aperfeiçoou a técnica de pintura mural e realizou estudos de paisagem, que mostrou na Galeria António Carneiro, no Porto, em 1953. Nos trabalhos então expostos denotam-se características que se manterão na sua pintura: cores densas e surdas, formas geometrizadas e planificadas, pincelada pastosa. Datado do mesmo ano, o quadro Casas de Roma (Museu Nacional de Soares de Reis) foi pintado durante esta estada em Itália. Paisagem e composição de figuras serão, ao longo da sua vida, os temas a que mais se dedicará. Expôs individualmente no Porto, todos os anos entre 1945 e 1953, e em Lisboa, entre 1947 e 1953. Voltou a expôr individualmente: em 1960, em Lisboa; em 1968 e 1969, na Galeria Alvarez e na Galeria Divulgação, no Porto, na Biblioteca Museu de Amarante, e no Posto de Turismo de Matosinhos; em 1970, na Galeria Alvarez. Os textos de apresentação de muitas destas exposições individuais são escritos pelo próprio artista. Por exprimirem as suas intenções e preocupações artísticas, ainda que numa linguagem extremamente poética, constituem um grande auxiliar ao conhecimento e contextualização da sua obra. Fez parte em 1951 da representação portuguesa na I Bienal do Museu de Arte Moderna de S. Paulo. Participou regularmente nas Exposições de Arte Moderna dos Artistas do Norte, realizadas no Porto a partir de 1945. Esteve presente em várias Exposições de Arte Moderna do Secretariado Nacional de Informação, obtendo os prémios: Armando de Basto em 1946; António Carneiro em 1948; Henrique Pousão em 1950. Expôs em 1959 e 1960 nos I e II Salões dos Novíssimos, organizados pelo Secretariado Nacional de Informação no Porto. Esteve representado nos Salões da Primavera da Sociedade Nacional de Belas Artes em 1946 e 1950. Expôs em 1957 na I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Integrou a Exposição de Pintura Moderna. Algumas Obras do MNSR que decorreu em Amarante, em 1958. Nos anos 70 participou em diversas exposições colectivas, entre as quais, Levantamento de Arte do séc. XX no Porto, no Museu Nacional de Soares dos Reis, em 1975. Trabalhou também em cerâmica, realizando nesta técnica uma decoração para o Palácio dos Desportos, no Porto, que lhe valeu em 1956 o prémio da Câmara Municipal desta Cidade. Foi no entanto à técnica de pintura a fresco que Martins da Costa foi dedicando ao longo da vida cada vez mais tempo, realizando decorações para vários edifícios no Porto: Palácio da Justiça, Capelas dos Colégios Brotero e Luso-Francês, escolas oficiais da Constituição e Monte Pedral, Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, cafés Embaixador e Garça Real. Realizou ainda uma pintura mural em Roma, na Embaixada de Portugal. Foi professor metodólogo do Ensino Técnico-plastífice (ETP). Em 1973 construiu e viveu desde então em Penacova, na sua casa atelier situada na Costa do Sol e leccionou na escola Secundaria de Penacova até a sua aposentação aos 70 anos.