Álvaro Nogueira de Penacova (1560 – 1635)
Pintor maneirista que colaborou com a dupla Domingos Vieira / Simão Rodrigues. Apesar de considerado um artista secundário, foi pintor da Universidade e do Santo Ofício de Coimbra e chegou, inclusive, a trabalhar em Roma com Simão Rodrigues, durante os papados de Clemente XIII a Sisto V.
Em 16 de outubro de 1588, temente dos perigos da viagem de retorno, Álvaro Nogueira firma um efémero testamento, «cuidando que não ha coisa mais certa que ha morte e mais incerta que ha hora da morte», onde enuncia as obras que produziu durante o período em que trabalhou em Roma e que deixava aos seus protetores, D. Violante de Castro, condessa de Odemira e senhora da vila de Penacova (viúva do 5º conde, D. Afonso de Noronha, tragicamente morto em Alcácer Quibir) e D. Nuno de Noronha (Bispo de Viseu entre 1586 e 1594), que lhe haviam subsidiado a viagem.
No retorno à pátria, foi pintor da Universidade de Coimbra e do Santo Ofício, bem como autor de inúmeras obras de cariz religioso, mantendo-se ativo até ao seu falecimento em 1635. Destaca-se neste período, um retábulo maneirista, datado do primeiro quartel do séc. XVII, composto por nove tábuas, com pinturas alusivas a S. Pedro, S. Bento e às obras de misericórdia, que se encontra na Igreja da Misericórdia, no Louriçal. Também, em Pedrógão Grande, o retábulo que ornamenta o Altar-Mor da Igreja da Misericórdia é da sua autoria, sendo considerado a obra mais importante daquele complexo monumental.
Do acervo do Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, fazem parte uma tábua com o título “Repouso na Fuga para o Egipto”, assinada e datada, e uma pintura sobre madeira “Juízo Final”, obras ainda sob inspiração da sua estadia em Itália.
Álvaro Nogueira (act. ca. 1590)
"Repouso na Fuga para o Egipto"
(M.N.Machado de Castro, Coimbra)