António José de Almeida

António José de Almeida (1866 - 1976)

 

Nascido em 17 de Julho de 1866, em Vale da Vinha, concelho de Penacova, António José de Almeida foi baptizado na Igreja Paroquial de Farinha Podre, hoje São Pedro de Alva, em 03 de Setembro de 1866, tendo, na mesma localidade frequentado o ensino primário. Em 1880, com 14 anos, matricula-se no Liceu Central de Coimbra e, em 1889-1890, inscreve-se no curso de Medicina, que completa em seis anos.

Desde jovem ligado ao ideário da República, escreve, durante o seu período de estudante, vários panfletos marcadamente opositores à Monarquia e ao conservadorismo vigente na sociedade e, nomeadamente, na Faculdade que frequenta. Do seu período de estudante destaca-se a sua condenação em 25 de Junho de 1890, por ter escrito o artigo "Bragança,O Último" no folheto "Ultimatum"; o seu envolvimento na revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto; o discurso proferido por ocasião da morte de José Falcão, no dia 14 de Janeiro de 1893, o primeiro de uma carreira de eloquente orador; a fundação, em 1984, o jornal "O Raio".

Em 30 de Julho de 1895 forma-se em Medicina com a classificação de distinto, partindo para Angola em 1896 e, depois, para São Tomé, onde exercerá a profissão de Médico. Regressa a Lisboa m 22 de Julho de 1903 e, nesse ano, viaja para França, estagiando em clínicas de Paris. Mesmo à distância, colabora com o jornal "O Mundo", onde explana o programa do Partido Republicano Português.

De regresso a Portugal, interrompe a carreira de médico, optando pela vida política. Entre 1906 e 1910 profere inflamados discursos na Câmara dos Deputados e, em 28 de Janeiro de 1908, após uma tentativa de Revolução, é novamente preso. Em 1910, após a Implantação da República, é nomeado Ministro do Interior do Governo Provisório da República, cargo que exercerá até 1911. Deste período datam as suas iniciativas de reorganização do ensino médico, a reforma da instrução primária e a reforma universitária, com a criação da Universidade do Porto.

Em 14 de Dezembro de 1910 casa com Maria Joana Queiroga, de quem terá uma filha, Maria Teresa.

Funda e dirige o jornal República em Janeiro de 1911 e, entre 1912 e 1919 lidera o Partido Evolucionista. Entre 1916 - 1917 exerce o cargo de Ministro das Colónias. Na sessão do Congresso de 06 de Agosto de 1919 foi eleito Presidente da República.

Destacam-se durante a sua presidência a visita dos Reis da Bélgica e do Príncipe do Mónaco; a travessia do Atlântico por Gago Coutinho e Sacadura Cabral; a trasladação dos restos mortais dos soldados portugueses mortos em França e na Flandres; a revolta de 21 de Maio de 1921 e os graves incidentes de 19 de Outubro do mesmo ano; e a viagem triunfal que o levou ao Brasil por ocasião das comemorações do 1º Centenário da Independência daquela ex-colónia.

Após ter sido substituído no cargo por Manuel Teixeira Gomes, em 05 de Outubro de 1923, continuou a colaborar com o jornal "República". Sofrendo de gota, passaria os últimos anos de vida numa cadeira de rodas, falecendo em 31 de Outubro de 1929, não chegando a tomar posse como Grão-Mestre da Maçonaria, cargo para que havia sido eleito.

Em sua homenagem, a Assembleia Municipal de Penacova votou, por unanimidade, em 28 de Maio de 1976, marcar como feriado municipal o dia 17 de Julho, data do seu nascimento e, em sua memória, foi erigido, em Penacova, um busto da autoria do escultor conimbricense Cabral Antunes, inaugurado em 05 de Outubro de 1976. A sua homenagem faz-se, também, em São Pedro de Alva, onde, em 05 de Outubro de 1997, foi inaugurada uma estátua sua de corpo inteiro e em Vale da Vinha, na rua e largo baptizados com o seu nome, onde fica localizada a casa que o viu nascer e que ainda hoje mantém, à soleira da porta, um painel de azulejos com uma quadra, oferecido por Maria Adelaide Bastos Leal: "Na sua aldeia há uma fonte / Que bem canta o seu destino / Inda na terra há pegadas / Dos seus passos de menino."