Eugénio Moreira (1871-1913)
Penacova atraiu no final do século XIX e início do século XX, nomeadamente pelos encantos da sua paisagem e pelos seus bons ares, alguns célebres pintores e desenhadores que acabaram por reproduzir temas penacovenses.
Um dos mais consagrados foi Eugénio Moreira, que dedicou a Penacova dois dos seus mais famosos quadros “ A Ferreirinha “ e o “ Vale de Penacova “, estando o último exposto no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.
No seu percurso académico, Eugénio Moreira começou por frequentar a Escola Médico Cirúrgica do Porto, transferindo-se, depois, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Nesta cidade conviveu com o grupo da Boémia Nova, mantendo relações de amizade com os escritores portuenses António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) e, em especial, com Agostinho de Campos (1870-1944). Regressou ao Porto sem ter concluído o curso, matriculando-se na Academia Portuense de Belas Artes, porém, acaba por não concluir o curso.
Viveu alguns anos em Paris onde recolheu influências de pintores dos movimentos Impressionista, Fauvista e Nabis, tendo também visitado museus e templos italianos. Regressa a Portugal, onde se mostra empenhado pelo estudo da paisagem, e da tipologia portuguesa. São principalmente o Vale de Penacova, e a paisagem circundante do Mondego, os locais que mais tempo o prenderam e arrebataram. Esta é uma narrativa que é enfatizada pelas palavras do seu sobrinho Fernando Ferreira Moreira, como corrobora a ata da Sessão da Câmara Municipal de 18 de maio 1907, por ocasião do “primeiro aniversário do falecimento do Conselheiro Artur Ubaldo Correia Leitão”, e, após deliberação em sessão de Câmara mandou-se colocar o seu retrato na Sala de Sessões. Esse retrato segundo referido “ fora feito a óleo pelo notável pintor Eugénio Moreira, residente nesta Vila”. Isto comprovaria sem mínima dúvida que não era só um apaixonado pela paisagem local, como aqui fez residência durante algum tempo.